“ Diabética
desde 1 mês de vida, gravidez para mim sempre foi um grande tabu!!! Meus
médicos nunca me desestimularam, diziam que apesar das dificuldades, das
restrições eu poderia sim engravidar, era só ter alguns cuidados... Após 4 anos
de casada, decidi engravidar antes dos 30 anos, fiz todos os exames
necessários, acertei a glicose e fiquei esperando... A espera durou quase 01 ano
e como demorou, por alguns instantes passou pela minha cabeça que por causa da diabetes
eu não poderia engravidar, que meu corpo e minha saúde (digo a diabetes) não
estavam preparados para levar uma gestação a diante, que eu era um fracasso
incapaz de gerar uma vida. Fiquei muito mau durante toda a espera, coisas de
mulher ansiosa mesmo, só rindo!!!
Na época em que decidi engravidar eu morava no
interior de Goiás, em uma cidade pequena sem muitas opções de médicos,
hospitais e tratamentos. Lá não tinha endocrino, apenas clínicos que eu dava
aula de diabetes para eles e uma boa ginecologista, que estava orientando até
mesmo o meu tratamento da diabetes. No
final de 2009, por graça divina, meu marido foi pego de surpresa e foi trazido
da empresa onde trabalha de volta para Belo Horizonte.
Com a
correria da mudança simplesmente me esqueci de que menstruava e que há quase 4
meses não recebia a visitinha da dona menstruação... Comecei a ter hipoglicemias
constantes, o humor variando muito, o rosto cheio de espinhas, mas não me
liguei... Dia 22/12/2009, meu marido me olhou e disse: Amor, acho que você está
gravida, seu corpo, seu rosto estão diferentes!!! Fiquei com aquilo na cabeça e
resolvi fazer um teste de farmácia. Comprei 2: um baratinho e outro mais caro. Fiz o exame e não deu outra: positivo nos
dois!!! Como não estava acreditando, corri e fiz o exame do laboratório, foram
as 3h mais longas da minha vida para receber um resultado: Beta HCG 10.000.000.
Eram tantos zeros que eu achava que o resultado era 1 e não conseguia acreditar
que estava grávida e que SIM PODIA GERAR UMA VIDA!!! Foi uma correria só: Casa nova, cachorra com filhotes, Natal, conseguir marcar uma consulta médica com endocrino e ginecologista de urgência, as hipos que não davam tréguas, mas estava extremamente feliz e esse momento foi literalmente espetacular!!!
Quando
fui a ginecologista a constatação que, minha ficha só caiu quando fui até a dra
Mônica, estava grávida de 14 semanas!!! Passou um filme em minha cabeça...
Desde a mudança eu não estava me cuidando direito, minha glicohemoglobina tinha
aumentado muito desde o último exame, como já estava com quase 4 meses de
gestação a maior preocupação era com o que poderia ter acontecido com minha
pequena, tive medo das sequelas que ela poderia ter sofrido pelo meu
descuido... Graças a Deus, no primeiro ultrassom já foi possível verificar que
estava tudo bem com a bebe e que era a minha tão sonhada menininha, que um dia
até pensei que não poderia tê-la!!!
Durante
toda a gravidez tive muitas hipoglicemias, fiquei internada por 15 dias para
acertar a glicose, aprendi a contar os carboidratos e junto com a insulina NPH passei a
fazer uso da Novorapid. Mesmo tendo convênio médico, optei pela
sugestão da minha médica, e tive uma assistência médica excelente no Hospital da
Clinicas da UFMG de Belo Horizonte, fui assistida semanalmente por uma equipe
de endocrinologistas, ginecologistas, nutricionistas e mais um monte de “istas”
respeitados de Belo Horizonte. O meu esforço e de todos da minha família deu
certo... Foi sacrificante medir a glicose 10 vezes ao dia, inclusive de
madrugada, tomar insulina mais umas dez também, comer de 2h em 2h sem tréguas,
mas o mais importante que a evolução da gravidez foi perfeita e minha pequena
veio ao mundo, conforme programação dos médicos no dia 12/06/2010, através do
parto cesariana!!!
A
Isabella nasceu perfeita, linda, tamanho e peso normais, com uma pequena
hipoglicemia que foi rapidamente corrigida e que nunca mais voltou. Ela ficou 5
sacrificantes dias internada porque nasceu com icterícia, mas não estava ligado
ao diabetes. Meu pós-parto foi tranquilo, a cicatrização normal, as glicoses
voltaram ao normal e as hipos sumiram. Dizem que durante a amamentação é comum
a mamãe diabética ter hipos, mas a Isabella não quis amamentar no peito, uma
pena, pois eu queria muito que ela tivesse mamado no peito pelo menos por 6 meses,
mas ela não quis nem um dia!!! Talvez também seja uma ajudinha divina, uma vez
que eu poderia ter hipos e ter hipos não é bom...
Hoje
meus médicos não me aconselham a ter mais filhos, uns dizem que meu corpo é
velho demais de diabetes, afinal nunca vivi sem ela, outros pelas sequelas da
gravidez para uma mãe diabética como aceleramento da retinopatia diabética e
outras patias que nos perseguem... Enfim, já fui abençoada por ser mãe de uma
princesa linda, portanto acho que não vou desacatar as ordens dos meus
médicos...
Aprendi muito depois de ser mãe, sobretudo, a cuidar mais de mim e da minha saúde, afinal preciso estar bem para cuidar da minha pequena que ainda precisa integralmente de cuidados e que também já cuida de mim, vive correndo atrás de mim perguntando se já medi a “micose”, se tá tudo bem ou se já comi... É emocionante ver uma neném de 2 aninhos me cercando de cuidados!!! Dou a maior força e apoio a todas as diabéticas que querem ter filhos, nos podemos sim ter filhos, pode ser mais sacrificante, mas com alguns cuidados e atenção especial tudo dá certo como em qualquer outra mulher... Se você quer, você pode e se você mulher diabética quer ser mãe NÃO DESISTA!!!
Beijos com carinho para todas diabéticas mamães e todas que sonham em ser mamães mesmo diabéticas
Carol
Freitas, esposa do Albert, mamãe da Isabella"
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