Inf13 01/out/12
Principais notícias do dia sobre diabetes e
saúde no Brasil e no mundo
Orientações sobre
hábitos saudáveis marcam o Dia Mundial do Coração
No Dia Mundial do Coração, comemorado neste sábado,
várias ações estão programadas em todo o País para chamar a atenção quanto às
doenças cardiovasculares e orientar a população sobre a importância de adquirir
hábitos mais saudáveis. Em Brasília, Campo Grande e Natal, por exemplo, estão
sendo realizados exames gratuitos para verificação da pressão arterial e da
glicemia, além do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), palestras,
caminhadas, corridas, concertos e eventos desportivos.
Segundo a Federação Mundial do Coração, as doenças
cardiovasculares são responsáveis por 17,3 milhões de mortes anualmente, das
quais 8,6 milhões são mulheres. Os números continuam a subir e a estimativa é
que, até 2030, as mortes cheguem a 23 milhões.
No Brasil, cerca de 320 mil brasileiros morrem
anualmente devido às doenças cardiovasculares. O cardiologista Fausto Stauffer,
da Associação Médica Brasileira (AMB), explica que a prevenção é o melhor
tratamento para as doenças do coração. Manter uma alimentação saudável, praticar
exercícios físicos e parar de fumar são pequenas mudanças nos hábitos de vida
que podem reduzir o risco de doenças cardíacas e de acidentes vasculares
cerebrais.
"Estes hábitos devem ser adquiridos desde a
infância, porque as crianças também são vulneráveis a estas enfermidades",
disse Stauffer. Dieta balanceada e exercícios físicos são capazes de prevenir
quatro dos dez principais fatores de risco: a hipertensão, o diabetes, a
dislipidemia (colesterol alto) e a obesidade. No Brasil, as doenças cardíacas
que mais levam à morte são o infarto e a insuficiência cardíaca.
Os benefícios que a prática regular da
corrida oferece são diversos. Dentre eles, há estudos que associam o exercício
à melhora da vida sexual, sendo inclusive uma forma de prevenir a disfunção
erétil, problema que acomete mais de 40% dos homens brasileiros acima de 18
anos, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Médico com pós-doutorado em Fisiologia e Medicina do Exercício pela McMaster University, do Canadá, Cláudio Gil Soares explica que a disfunção tem várias causas, que podem ser de origem psicológica e/ou orgânica. No que diz respeito à parte fisiológica, a causa mais comum é o mau funcionamento vascular. "Casos de disfunção erétil são inclusive relacionados a alguma doença coronária", salienta.
Médico com pós-doutorado em Fisiologia e Medicina do Exercício pela McMaster University, do Canadá, Cláudio Gil Soares explica que a disfunção tem várias causas, que podem ser de origem psicológica e/ou orgânica. No que diz respeito à parte fisiológica, a causa mais comum é o mau funcionamento vascular. "Casos de disfunção erétil são inclusive relacionados a alguma doença coronária", salienta.
Um dos efeitos que a corrida promove no
organismo é justamente a melhora da função dos vasos sanguíneos. Segundo Cláudio
Gil, a prática ativa o fluxo do sangue, promovendo uma "massagem" no
interior dos vasos. "Meia hora após o exercício já há uma melhora, que
dura até três dias", afirma. Outro benefício creditado à atividade e que
auxilia na prevenção da disfunção erétil é a melhora da função hormonal, haja
vista que a deficiência hormonal também pode causar o problema.
A prática regular da corrida induz o
organismo a produzir hormônios que têm efeito analgésico e causam sensação de
bem-estar, como a beta-endorfina e a dopamina. Isso faz com que os praticantes
se sintam mais relaxados e menos ansiosos. Dessa forma, não só há melhora na
respectiva função, mas também alívio do estresse. "O estresse prejudica a
função erétil e a corrida acaba auxiliando nessa questão também", comenta
o médico.
A corrida previne ainda doenças como diabetes e hipertensão arterial, que normalmente apresentam quadro deficiente de óxido nítrico, neurotransmissor que induz o relaxamento da musculatura lisa do corpo cavernoso, favorecendo a ereção peniana.
A corrida previne ainda doenças como diabetes e hipertensão arterial, que normalmente apresentam quadro deficiente de óxido nítrico, neurotransmissor que induz o relaxamento da musculatura lisa do corpo cavernoso, favorecendo a ereção peniana.
Os benefícios, porém, só podem ser obtidos
quando há regularidade na atividade. O ideal, sugere Cláudio Gil, é exercita-se
150 minutos por semana, em se tratando de uma atividade de intensidade
moderada. "É importante ressaltar que os benefícios proporcionados pela
corrida podem ser usufruídos por indivíduos de qualquer idade",
acrescenta.
Farmácia
organiza campanha gratuita contra diabetes e hipertensão
Funcionária da USP há mais de 30 anos, Cleonice de Souza
Henrique, a Tatá, sabe muito bem como é conviver com os males da diabetes e da
hipertensão. Faz duas décadas que a auxiliar de Serviços Gerais da
Superintendência de Comunicação Social (SCS) da USP se juntou à estatística de
8% de brasileiros que, de acordo com a Associação Nacional de Assistência ao
Diabético (ANAD), sofrem com os sintomas silenciosos das duas enfermidades que
mais acometem pessoas no planeta.
Com o objetivo de orientar e prevenir a população sobre os
perigos destas doenças, a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP
lança, nos dias 2, 3 e 4 de outubro, a Campanha
de Diabetes e Hipertensão. Organizada anualmente por alunos desde
1998, a iniciativa é supervisionada pelos professores Mario Hirata e Rosario
Hirata, da FCF. Em sua 12ª edição, estima-se a participação de 1000 pessoas,
desde funcionários e estudantes da USP, até interessados da comunidade externa.
Da onde vem
O diabetes é uma doença em que há aumento dos níveis de
glicose (açúcar) no sangue. Ocorre porque o pâncreas não produz insulina
suficiente, associada ou não a uma deficiência na ação da insulina no organismo.
O diabetes é classificado em tipo 1, tipo 2, diabetes gestacional e outras
formas menos comuns. O tipo 2 (diabetes
mellitus) é o tipo mais frequente de diabetes e é mais comum em
adultos. A doença só se manifesta pelo aparecimento de vários sinais e sintomas
ao mesmo tempo, como: urinar várias vezes ao dia, sede e fomes exageradas,
cicatrização difícil, cansaço, entre outros. De acordo com a Sociedade
Brasileira de Diabetes, na comunidade geral cerca de 60% destes não sabem que
sofrem da doença.
As pessoas que apresentam fatores de risco predisponentes são
as mais suscetíveis a desenvolver a doença. Os do diabetes tipo 2 são história
familiar (parentes em primeiro ou segundo grau que tenham diabetes tipo 2); ser
idoso, apresentar obesidade e hipertensão arterial; pertencer a grupos étnicos
de alto risco (afro-americanos, hispânicos, asiáticos). Os filhos de mães
desnutridas, fumantes e que ingerem álcool na gravidez também apresentam
grandes chances de desenvolver diabetes, devido ao maior risco a infecções
bacterianas e virais.
Já a hipertensão arterial, usualmente chamada de pressão
alta, consiste em níveis elevados e sustentados de pressão arterial e é uma das
doenças associadas ao diabetes tipo 2. A pressão alta é uma doença democrática,
explica o professor Hirata, pode ocorrer em homens ou mulheres e em qualquer
faixa etária, mas é mais comum em adultos e idosos. Além da herança familiar,
estresse, ingestão de muito sal, sedentarismo e estar acima do peso aumentam os
riscos de se desenvolver o problema.
Descobri que tinha diabetes e hipertensão no mesmo dia,
revela Tatá, na semana do casamento da minha filha. Levada para o pronto
socorro quando fraquejou depois de um mal estar, Tatá ainda se lembra da
correria dos médicos e enfermeiros ao constatarem que sua pressão estava bem
acima do normal. Corri risco de derrame, conta ao se lembrar do dia que mesclou
ao mesmo tempo a felicidade pelo casamento da filha, e o receio de sofrer de
uma doença problemática.
Medicada e de volta a sua casa, Tatá teve que se acostumar a
uma nova vida. Remédios para controlar a pressão se tornaram rotina, mas que
nem sempre ela cumpre. Sou safadinha, tomo os remédios só quando me sinto mal,
teima, ao segurar o riso. Ciente do perigo que ronda sempre que decide
arriscar, ela conta com amigos e familiares para se manter alerta aos sintomas
de que algo não está certo com sua saúde.
As duas são doenças difíceis, que exigem idas constantes aos
médicos. Em sua última visita no mês de julho, por exemplo, Tatá foi alertada
sobre sua glicemia. Se não baixar, vamos partir para a insulina, hein intimidou
sua médica.
De acordo com os estudantes da Farmácia Acadêmica Social (FAS), do Centro
Acadêmico e da Jornada
Científica dos Acadêmicos de Farmácia e Bioquímica, entidades que
coordenam a Campanha, a prevenção de ambas as doenças parte de medidas simples
que envolvem essencialmente estilo de vida.
A dieta saudável e heterogênea diminui a probabilidade de
desenvolver a diabetes e hipertensão no adulto jovem. A ingestão de gorduras
saturadas de origem animal também deve ser evitada. Para a diabetes é indicado
um controle de peso, principalmente em pacientes obesos, associado com um
aumento do consumo de frutas, verduras e leguminosas, grãos integrais, leite e
derivados desnatados.O paciente também deve estar atento ao consumo de açúcar e
álcool, porque ambos causam uma piora sintomática. O consumo destes produtos
não é proibido, porém deve ser bastante moderado, alertam os estudantes Camila
Reigado, Danielle Ragioto, Nathália Militão, Nathália Juvenal e Lucas Justo,
todos membros da FAS.
O consumo de açúcar e álcool não é proibido, porém deve ser
bastante moderado.
Para Tatá a dieta não é das tarefas mais fáceis de cumprir.
Consciente de que devia ter largado o açúcar faz algumas décadas, ela confessa:
é difícil. Massas e doces são uma paixão que ela ainda cultiva, mas que é
cerceada responsavelmente pelos amigos ao redor.
No caso dos hipertensos, recomenda-se o controle no consumo
de sódio. O principal produto de conhecimento popular que contém sódio é o sal,
mas outros produtos como temperos industrializados, sucos em pó e refrigerantes
também possuem uma quantidade excessiva de sal e devem ser diminuídos na dieta.
Consumo exagerado de café e cigarro também não é recomendado.
O grupo de farmacêuticos ressalta que a mudança de estilo de
vida pode e deve ser adotada aos poucos na vida do paciente para que a adesão a
este tipo de tratamento seja maior e perdure por mais tempo, aumentando sua
qualidade de vida. Os estudantes lembram também que o governo fornece
medicamentos gratuitamente, contanto que haja acompanhamento regular do
paciente por médicos.
Tem cura
A cura é muito difícil de prever, explica Hirata. Dentre
pesquisas até então conhecidas e que tiveram algum sucesso, destaca-se a
terapia celular, mas que ainda apresenta limitações. Teoricamente se pode
pensar que a terapia por células tronco indiferenciadas pode ter sucesso, no
entanto ainda estamos muito aquém do que se espera.
As pesquisas na Universidade de São Paulo são inovadoras e
existem várias equipes renomadas trabalhando nesta proposta, inclusive com
criação de um núcleo de terapia celular dentro do campus de São Paulo, revela
ele.
Da teoria a prática
Aos alunos que participam do projeto, a Campanha serve como
atividade de extensão em que se aplica a formação gerencial, social e de
assistência direta a comunidade, permitindo aos acadêmicos de
Farmácia-Bioquímica desenvolverem habilidades de organização, trabalho em
equipe e espírito de liderança. A experiência adquirida nesse processo é de
grande enriquecimento para a formação profissional, conclui o professor Mario
Hirata.
Contando com patrocínio de órgãos como a Fundação Instituto
Pesquisas Farmacêuticas (FIPFarma) e a Comissão de Cultura e Extensão (CCEx),
entre outros colaboradores, a ação será realizada na FCF - Conjunto das
Químicas das 8 às 12 horas (Avenida Lineu Prestes, 580, Cidade Universitária,
São Paulo).
Nenhum comentário:
Postar um comentário